terça-feira, 13 de setembro de 2016

Roda(moinho)!

Ao mesmo tempo: meu lado fera esbraveja, o ignóbil surge. minha frieza ignora, o inconsequente inflama, o sensível ressente-se, a insegurança cala-me. a neutralidade inspira-me. o consciente pondera e aconselha. Eu roda(moinho)!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Abro a gaveta do tempo e, em um cartão de memória esquecido bem ao fundo, encontro meus sonhos, ideais e planos. Anos a vislumbrar a vida segundo minha vontade, determinando o fluxo que teriam meus dias, mas qual... Minha mente pueril e travessa, contrária ao meu corpo maduro, envelheceu. Juras que fiz, não pude cumprir, programas foram cancelados e o que não pretendi jamais, tive que fazer. Dos papéis e letras passei aos curativos, dos saraus ao acompanhamento e cuidados com meu pai, irmão durante o período de doença.Onde vi apoio e força só restou fragilidade e dependência. Amarguei lutos, abandonei fantasias e alimeitei-me da realidade. Preocupações fúteis deram lugar ao fazer diário.Permiti-me sofrer e aquietar-me, mas não perdi, neem perco oportunidades boas para sorrir, cantar e comemorar com os que amo. Se ainda tenho sonhos? Claro que sim, sou poeta, ainda que a poesia me falte muitas vezes. Sonhos e projetos que sei podem se efetivar ou não e, independente dos fatos tenho que seguir em frente, de cabeça erguida e atenta aos designos de Deus.. Não reclamo, nem me rebelo, apenas constato tais fatos e compreendo que Deus tem caminhos, segundo seus perfeitos propósitos e estes, muitas vezes, trazem consigo surpresas e mudanças extremas na direção contrária à desejada.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Boa tarde, a todos! Há um bom tempo não relato nada nem neste ou outros que blogs e páginas que administro. Não raro deixo de fazê-lo em razão dos naturais períodos de apatia, comuns a pacientes com Transtorno Afetivo Bipolar. No momento, entretanto, minha apatia não é falta ou mudança de medicação, mas em decorrência da doença e morte de meu irmão, amigo, orientador profissional e tantas outras coisas. Foi um choque, especialmente por ter acontecido próximo da morte de meu pai, que juntos, meu irmão e eu, cuidamos durante os três longos anos de padecimento sem sair da cama. Sei que devo me lembrar das coisas boas que ambos fizeram e foram muitas, mas a amargura que me toma e remete-me ao periodo que acompanhei o sofrimento de meu irmão seja em minha casa ou no Hospital, em razão de um câncer agressivo. Um flash do termo de responsabilidade que tivemos que assinar sobre o perigo de morte durante a última cirurgia, seu olhar de felicidade quando eu chegava para a visita ou quando eu lhe transmitia as mensagens de ânimo e carinho de pessoas queridas, das constantes idas ao pronto socorro, do esforço sobre-humano que ele fez para nos esconder a doença até três meses antes da primeira cirurgia, enfim... De qualquer forma, cá estou eu relatando um pouco do que tenho vivido e reafirmando minha confiança em Deus, gratidão pelo carinho recebido de minha família e amigos verdadeiros, as consultas mensais com meu psiquiatra, a medicação e terapia quinzenal, sem os quais, provavelmente, eu não teria tido apenas um surto desde a descoberta da doença há aproximadamente cinco anos mas outros. Sinto-me momentaneamente triste e desanimada, sei que isso acontecerá de tempos em tempos, mas me mantenha firme e procuro dividir com meus pares um pouco disto. Além dos cuidados com a casa e minha mãe de 93 anos que mora comigo, tenho me concentrado minhas forças nas atividades desenvolvidas com o Projeto Ondulações, idealizado por mim em 2013, um Projeto Literossocial apresentado no III Encontro da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro – ANLPPB, realizado em Maceió – em outubro de 2013, cujos objetivos são: Geral: • Transformar vidas através da arte. Específicos: • Melhorar a qualidade de vida dos assistidos; • Disseminar a poesia e outras formas de arte; • Mostrar a crianças, jovens e adultos de quaisquer classes sociais, clinicamente saudáveis ou não, livres ou presos de alguma forma, a repensarem suas vidas através da poesia e, desta maneira, utilizarem a arte como processo terapêutico. A cada participante será, ainda, sugerido o compartilhamento de sua experiência; • Preparar facilitadores que possam encabeçar o projeto na comunidade já assistida; • Contemplar com bibliotecas comunitárias as comunidades que estiverem aptas. A cada visita nas diversas Insttuições procuro levar um pouco da minha experiência e superação, mas sem dúvida descubro em cada assistido as mais diferentes experiências, provas de superaçõa e exemplos de vida inimagináveis. Não há como não sair de cada local visitado com as forças e vigor renovados. Tais coisas me dão a certeza de que superarei minha dor, ainda que demore um pouco. Um grande abraço a todos, muita paz e equilíbrio. Teresa Azevedo

sábado, 14 de maio de 2016

Descubra todos os talentos que Deus lhe deu

Reconheço e me aceito como portadora de Transtorno Afetivo Bipolar. Busco a superação diária de minhas limitações e medos através do reconhecimento de que Jesus não só me salvou, está sempre ao meu lado, mas me capacitou para isto; deu-me mecanismos para que eu mantenha minha estabilidade emocional, ou seja, consultas mensais com meu psiquiatra e quinzenais com minha terapeuta, uso correto e continuo da medicação. Porém, algo mais embala meus sonhos e me motiva a alcançá-los, o Projeto Ondulações. O que é e como surgiu a ideia do Projeto Ondulações? Do desejo de transmitir a outros minha alegria por ter a poesia como uma aliada. Eu passei a publicar minha obra aos 50 anos e com ela veio a tão almejada realização pessoal. Até que a poesia me acolhesse de forma terapêutica, afinal com ela eu dividia minhas dores, limitações, sonhos, enfim, eu não me sentia aceita no mundo racional/burocrático em que vivia. Como gratidão e na esperança de encontrar outros, que como eu, precisassem derramar suas almas através da arte escrevi "Projeto Ondulações 2013 - Gênesis" e a proposta era um compartilhar meus escritos com os dos leitores. A partir daquela publicação surgiu a ideia de ir ao encontro das pessoas fragilizadas por suas mazelas. Desde 2013 o Projeto tem ido a diversas Instituições e alcançado vidas, mas principalmente temos aprendido com os assistidos. A cada evento ou visita sinto-me renovada. Convido-o a conhecer as publicações do projeto que se encontram disponíveis no link: https://drive.google.com/drive/u/0/folders/0B-JZhP45QaFxa0w4SDlWU251dDQ​ São elas: - Projeto Ondulações aprovado no III Encontro da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro em outubro de 2013 em Maceió; - Projeto Ondulações 2013 - Gênesis; - Projeto Ondulações 2014 - Propostra e resultados - Poesia e Pensamento em Ação - Projeto Onduações 2015 e - Projeto Ondulações 2015 - Ondas Poéticas Convido-o a visitar os links da Cooperativa Clube de Autores ( https://www.clubedeautores.com.br/authors?sort=&topic_id=&utf8=%E2%9C%93&what=teresa+azevedo&where=authors ), onde estão à venda outros livros de minha autoria e a assistir ao video sobre o Projeto www.youtube.com/watch?v=qM3t5Dp2Y_I, Participe! Você é muito importante para nós! Teresa Azevedo Membro Efetivo da ANLPPB - Cadeira 06 (Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro) e Coordenadora do Projeto Ondulações

sexta-feira, 25 de março de 2016

Vencedora do Concurso a Arte de Viver - categoria poesia - direcionado a pacientes com distúrbio mentais


Compartilho com meus leitores o resultado do Concurso A Arte de Viver - Categoria Poesia no qual fui vencedora. Esse concurso foi destinado à pacientes portadores de esquizofrenia e transtorno bipolar convidados por seus psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, recreacionistas e demais profissionais de saúde mental. 


Poesia Vencedora do Concurso VI Concurso Nacional “Arte de Viver”


Percorrendo meu transtorno bipolar
Teresa Azevedo

Em um voo lunar, um sonar que desorienta.
Eu – baleia perdida, encantada e ferida –
Percorro meu transtorno bipolar
Em busca de respostas.
Rumo à compreensão da ambiguidade absoluta.
Lágrimas secas molham minh’alma
E, camufladas, esvaem-se na face à mostra.
Perco-me em loucura na ponte entre “eu” e “eu!”
No momento crucial onde a mudança se faz,
O microinstante atemporal de brevidade infinita.
Resume-se em ondas senoidais através dos dias
Com a intensidade do colidir atômico.
Clamo por sábio e incontestável equilíbrio,
Âncora de uma psique sã –
Santos desejos de mutantes sabores.
Recordo-me da infância, do império perdido,
Volto à adolescência e à rebeldia escaldante.
Aos desvarios e imprevisibilidade da juventude,
Aos choques traumáticos e familiares – dos quais
Ninguém escapa de um modo ou outro.
Recordo-me da maturidade exaurida,
Medrosa e depressiva,
Por vezes eufórica e pseudopoderosa.
Do abandono ao surto, o recobrar da consciência,
A descoberta do Transtorno Afetivo Bipolar,
A disposição para o tratamento, a terapia, a medicação.
A frustração profissional, o encontro com a poesia,
A obtenção do resgate e o desejo de dividir os frutos.
O ondular em busca de pares – cascas encobertas –
A um passo da ressureição.
O interagir, fluir, jorrar, misturar de ondulações
Para enfim transformar-se na mais linda
Das paisagens poéticas.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Hora de correr, de dançar a boa música do bem

                                                                                                                                                                    Balanço dos últimos dias após a consulta

Aqueles que acompanham este blog leram sobre a queda de meu cabelo em virtude, provavelmente, do ácido valpróico. A primeira providência foi retirar um dos três comprimidos que tomo diariamente e depois mais um. Em virtude disso e do luto pela morte do meu irmão fiquei um tanto depressiva, totalmente improdutiva. Aumentei a dose de bupium de um comprimido para dois pela manhã, já que à noite eu estava dormindo bem. A situação ainda não se resolveu pois uma irritabilidade gratuita tomou conta de mim. Voltei a tomar dois comprimidos de ácido valpróico e observar o resultado. Por hora, melhorei o mal humor, mas ainda estou desencorajada para marcar as reuniões que necessito e demais contatos externos que já estão pra lá de atrasados. Temo fazê-lo antes de estar preparada e acabar não surtindo o resultado que preciso. Darei mais alguns poucos dias para tomar tais providências e pedir a Deus que me capacite.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Mãos à obra


Hoje amanheci disposta. Pronta para retomar o trabalho e iniciar efetiva o planejamento para 2016. Ótimo me sentir assim. Há muito não me sentia estimulada para trabalhar. Então é arregaçar as mangas e bola pra frente.

Esboço de minha autoria.

Noite de insônia

Uivos e granidos
na rua deserta.
É noite de insônia.
Há tantos suspiro,
Cansaço e agonia,
Corrida do outro
pelo passar das horas.
Caminho de pedra,
noite sofrega,
boca seca,
olhos estatelados,
medo, prenúncios,
olheiras e rugas.

Poesia inspirada no depoimento de uma paciente com Transtorno Esquizofrênico

Pintura de Ismael Nery - pintor brasileiro com influência surrealista, nasceu em 09 de outubro de 1900 e faleceu em 6 de abril de 1934. Educação: Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.



terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Queda de cabelos

Meus cabelos não pararam de cair apesar de ter diminuído a dose do remédio (ácido valproico), conforme recomendação do meu médico. Portanto, como ele disse teremos que repensar a medicação na próxima consulta.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Como funcionam as coisas comigo

Reconheço e agradeço por todas as inúmeras bençãos que o Senhor Deus me deu, mas reconheço que sou portadora de Transtorno Afetivo Bipolar, o que não me constrange, mantenho meu tratamento com rigor e nos breves momentos que me abstive dele percebi que não foi conveniente. Não tomo medicações que me viciam, apenas elas estabilizam meu humor e a falta dela o desestabiliza. Desde que criei este blog minha única intenção foi compartilhar dificuldades que outras pessoas podem ter e talvez desconheçam a  causa e não a de me queixar de nada.

Há momentos em que apesar de toda gratidão pelas minhas bençãos eu sinto uma tristeza inexplicável e tão profunda, felizmente ela é tão passageira quanto o surgimento. A pouco me senti assim, corri para compartilhar, mas já estou muito bem.

Em meu último post falei sobre a morte do meu irmão e o quanto é difícil para mim viver sem ele, mas deixo claro que não é este o motivo da tristeza que mencionei acima, pois ela ocorre em outros momentos totalmente diferente e felizes.

Imagem de Ismael Nery - pintor brasileiro com influência surrealista, formado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nasceu em 1900. Morreu em 1934.

Lutando contra o luto

Meu irmão faleceu em dezembro  com um câncer super agressivo que o consumiu em pouquíssimos meses. A partir de outubro passei a acompanhá-lo às consultas, idas repentinas ao Pronto Atendimento, internações e quatro cirurgias feitas nesse curtíssimo espaço de tempo. Presenciei suas dores horríveis. Sua fisionomia não permitia camuflar seu silêncio.
Ele era mais novo que eu, trabalhávamos junto, era meu amigo, companheiro de lutas, conselheiro, enfim. Ficar sem ele ao meu lado é dificílimo, a cada instante me lembro de algo que ele fez, sonhou ou falou.
Na prática, procuro deixar as lembranças tristes de lado e enalteço as felizes mas meu emocional é desobediente e infiel tantas vezes... Sinto-me desanimada desde outubro, não tenho vontade de sair de casa, nem de escrever, sei que é temporário como de fato tem que ser, mesmo assim é doloroso perdê-lo e caminhar lutando contra o luto.
Quero trazer a tona todas as coisas maravilhosas que ele fez como fotógrafo e pessoa e sei que conseguirei com a permissão de Deus. O tempo para conclusão desse trabalho pode não ser exatamente o que desejo.

Olhos

Olhos refletem a alma, são guias perfeitas no caminho da vida.

E por falar em olhos, desenvolvo um trabalho no Instituto Campineiro do Cegos Trabalhadores e é impressionante como esta frase se encaixa à vida deles. São fisicamente cegos, mas enxergam mais com o coração do que nós. A cada encontro com eles volto extasiada como aprendo novos caminhos a seguir.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Ácido Valpróico

Lamentavelmente, após tomar três comprimidos de ácido valproico por dia, há mais de um ano, meu cabelo começou cair. Meu médico diminuiu a dose de três para dois comprimidos. Agora é observar o resultado e esperar que funcione, pois me dei super bem com esta medicação, além de obtê-la gratuitamente no Centro de Saúde.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Gangorra

A vida é uma gangorra que sobe e desce em tempo e força normais. Para nós, portadores de T.A.B. seu movimento é frenético, alucinante.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Oscilações

Desde outubro do ano passado acompanhei me irmão que infelizmente não resistiu a um câncer extremamente agressivo e faleceu em dezembro. Sua morte, todas as providências e dificuldades que enfrentei até poucos dias me fizeram desestabilizar. Houve dias que tive medo de surtar, mas me mantive firme com a medicação, terapia e visitas ao médico e principalmente confiando em Deus soberano, o que me ajudou a suportar cada crise momentânea. Felizmente, agora estou estável apesar de sentir muitas saudades do meu irmão pretendo me lembrar dele como era, alegre, disposto e talentoso.
Quis compartilhar isto com vocês, pois quem sabe alguém não esteja passando por crises que pensa ser o fim.