domingo, 19 de agosto de 2012

Se o cantar dos pássaros me parece distante...

Vou tocando a vida sim, mas não como gostaria.
Sinto-me restrita aos cômodos de minha casa por opção ou escolha depressiva.
É do sofá da sala, em meio aos filmes, muitos filmes... Tentando encontrar neles o "up" que necessito, mas apesar de gostar das histórias, muitas até baseadas em fatos reais, sinto não passar de fantasias.
Neste momento, uma fantasia é o que tem sido minha vida.
Para o quarto abraçada a um dos travesseiros, tentando criar histórias que não vem, ânimo que não existe, tendo como escape o sono e o abandono de mim
Ou então na cozinha, entre um e outro copo de água, ou um café fresco e uma fatia de pão, intercalando refeições rápidas salgadas ou doces, quentes ou frias. Divirto-me com frutas geladas que me descem como alívio goela abaixo.
Minhas estadas no banheiro também rápidas, entre um xixi e outro, ou o escovar os dentes e ver-me horrível no espelho. As chuveiradas espaçadas a mais de um dia não me animam tanto assim.
Na lavanderia me sento a pensar em nada, tentando encontrar coragem para me organizar e lembro-me de tudo o que há para fazer e do nada que consigo.
Quando consigo colocar as roupas para lavar, levo tempo para pendurá-las e depois dobrá-las e separá-las já me é tarefa impossível nestes dias.
Um olhar e outro para o computador, que até parece cansado e sem vontade de nada como eu.
Na mesa de trabalho, acumulam-se sonhos, projetos para os quais minha incapacidade parece só aumentar.
Nas poucas vezes que atrevo-me a sair, por ter que fazer e não por querer, tudo o quero é concluir e voltar ao meu sombrio recanto.
Meu filho e nora insistiram para que eu saísse ontem, fomos a uma sorveteria, ver as pessoas, a claridade me  apavorou, tive vontade de sair correndo.
Como que prisioneira de mim vou vivendo e torcendo a cada instante para não submergir, ao contrário, quero voltar a fortes braçadas nadar ao alcance da paradisíaca praia de meus dias.
Meus dias, que são eles hoje, apenas vegetativos e totalmente improdutivos.
Sinto-me cansada, muito cansada. Indolente e incompetente, Desprovida de mim, um desafeto me embala e o cair da noite é tal qual o amanhecer deles.
Neste mundo obscuro em que me encontro, ainda confio em Deus e sei que me livrará do meu mal e dos meus dias de dor. Creio apenas creio no mais íntimo de mim...

2 comentários:

  1. tenho muitos dos teus sintomas, mas no momento não estou tão depressiva, portanto estou produzindo, inclusive finalmente criei coragem para criar meu blog que fala da minha bipolaridade e assim compartilhar experiências como o teu relato que muito me ajudou. Creia, ajudou mesmo, e embora no momento seja difícil de acreditar, vai passar.
    o meu link:http://eubipolarbuscandoapaz.blogspot.com.br/
    uma boa semana pra ti, beijos

    ResponderExcluir
  2. Olá Jeanne Geyer, com certeza compartilhar ajuda muito. Que ótimo ter criado seu blog.
    Voltei a fase de equilíbrio felizmente. Agradeço por suas palavras. Beijos

    ResponderExcluir