quarta-feira, 3 de junho de 2020

Limitações

Cansaço: Laço de minha vida. Ecos d'alma, Falta de saída. Saudade: Lembrança de outrora, Energia, vigor. Corre daqui, corri de lá, sorriso no rosto Plenitude no andar, ausência de dores, Mente brilhante, disposição a mil. Limitações, compreendê-las requer maturidade. Aceitá-las, demonstra sabedoria. Conviver com elas, um aprendizado. Superá-las, um exercício contínuo.

Libertando o espírito

No instante em que o espírito se liberta das amarras do ontem, vive-se o hoje e constrói-se o amanhã. Esta frase escrevi na adolescência e ela me acompanha até hoje, e, sempre que me pego presa ao passado, lembro-me dela. O passado deve servir apenas para dele tirarmos boas lições e boas lembranças.

hipotireoidismo consequências e lutas

Quando me refiro ao hipotireoidismo não falo como especialista no assunto e não tenho nenhuma pretensão que não a de dar meu depoimento como portadora de tal problema de saúde, com o objetivo único de alertar caso algum leitor ou conhecido esteja vivenciando uma situação semelhante. Voltarei ao período anterior à doença, só para que entendam melhor as mudanças físicas e emocionais. Na gravidez do meu primeiro filho engordei apenas cinco quilos, de tal modo que eu saí do Hospital com a mesma calça tamanho trinta e oito de antes de engravidar, já que tudo que tinha adquirido era barriga. Sempre fui muito magra e permancer assim tão logo nascesse meu primogênito não era surpresa alguma. Então pensava — preocupar-me com o quê? Poderia continuar comendo de forma excessiva como sempre fiz. Regimes e alimentação balanceada me pareciam absolutamente desnecessários. Todos os alertas daqueles que me queriam bem eram, a meu ver, impróprios. Porém, ele deixou o peito e começou a tomar “nanon”, gulosa que sempre fui, virei sua sócia ou melhor, eu era a acionista majoritária, se ele precisava de uma lata de Nanon eu comprava três, pois duas eram minhas para simplesmente comer assistindo TV. Engravidei do segundo filho, e quando ele nasceu eu já estava um pouco menos magra do que antes, engordando oito quilos, mas não os perdi após seu nascimento, mesmo assim não me parecia absurdo, porém, passei a ganhar peso gradativamente. Logo percebi que minha agilidade física e mental não era mais a mesma, começando a sentir dores nas articulações e muita indisposição e tristeza, mas como estava passando por situações de estresse, atribuí a isto tais mudanças. Não era fã de visitas a médicos, pois meu trabalho, estudo e casa me tomavam o tempo e a saúde ficava sempre para depois, mas em uma visita à ginecologista contei o que estava sentindo e ela solicitou alguns exames, quando fui diagnosticada com hipotireoidismo. Como os níveis eram alarmantes, ela iniciou um tratamento imediato e me encaminhou para uma endocrinologista, mas, apesar do tratamento, percebi uma perda da minha capacidade intelectual e foi como se um período da minha vida ativa tivesse sido apagado da memória. Os leitores da minha idade devem se lembrar de que quando uma fita cassete enroscava, o jeito era cortar o pedaço que estava enroscando e colar o restante com durex. Não perdíamos toda a fita, mas uma parte dela deixava de existir, e era assim que minha mente estava, como uma fita cassete remendada e sem um pedaço importante da música, no caso das memórias ou lembranças... Apesar de um pouco aborrecida, não me desesperei, pois era jovem e muito havia pela frente. Ledo engano, pois aquilo era sério e eu não levaria muito tempo para ter consciência disso. Os anos passam e pesam sobre nós, mas eu tentava policiar a minha vontade de comer, fazendo um regime que de nada adiantava. Somado ao fato da perda de memória, dores e a gordura corporal, eu sentia muito sono, que com o tempo foram amenizadas pelo uso regular de medicação, mas nunca mais desapareceram. Doces, lanches e muitos pães eram “minha dieta ideal”, uma verdadeira tentação. O pior é que mesmo sabendo disto, mesmo tendo uma dieta mais regulada com muitas frutas e verduras, com pouca fritura, lanches, refrigerantes e sucos artificiais, amando arroz e pão integral, ainda não consigo ficar sem doce um só dia e se compro pão francês ou caseiro não resisto e como logo dois ou três. Tenho lutado muito para mudar meus hábitos não só alimentares, abandonar o sedentarismo, mas nos trinta anos que convivo com a doença é uma luta da qual não saí vencedora, intelectualmente procuro recobrar minhas memórias e reaprender o que se perdeu, ativando o cérebro de muitas maneiras, mas as sequelas ainda me incomodam, especialmente meu sobrepeso. Os especialistas dizem que não existe causa ou cura para a doença, então vou acompanhando e controlando as consequências através de consultas regulares ao endocrinologista e uso de medicação, além de lidar com minhas limitações sem revolta buscando superá-las a cada dia.

Divagações ao meio dia

Da minha mesa, olho pela porta de vidro e vejo o sol brilhar um tanto encabulado, nuvens se amontoam e compõem desenhos algodoados no céu. Deixo-me levar por devaneios voltando aos tempos de criança, quando me deitava no gramado de casa por horas a fio, só para observar as idas e vindas das nuvens formando figuras mutantes, as quais eram personagens de inúmeras histórias que criava mentalmente. Um vento frio penetra por entre a fresta da porta e me faz pisar novamente em terra firme. Aproveito meu horário de almoço para deixar minha mente se perder em divagações, apesar de que perdida estou sim, mas atrás do amontoado de papéis e processos sobre a mesa. O silêncio é quebrado pela chegada de uma cliente na recepção. Ouço as detalhadas explicações do atendente sobre os procedimentos técnicos para cada tipo de serviço e admiro-me por ele conhecer tanto do que faz. Penso por mais um minuto na colega que perdeu sua mãe esta madrugada. Coisa horrível é a dor da perda... Uma mãe é algo imaculado, difícil aceitar viver sem ela. Nossos dias são assim: surpresas boas, tristezas cruas, lamentos sufocados, prazeres ilícitos, desejos explícitos, carências loucas. Um amontoado de emoções nossas e de outrem, com as quais lidamos diariamente, porém, há uma certeza de que Deus sempre nos dá o melhor sempre, mesmo que seja tão difícil de compreender, muitas vezes, Suas razões.

sábado, 2 de maio de 2020

Cidade vazia, depressão à vista

Há muito não me sentia depressiva de fato. Claro uma tristeza e angústia aqui, outra ali, mas nada muito além de um ou dois dias. Esses últimos dias entretanto andei muito deprimida, com vontade de não ver nem falar com ninguém. Como sempre faço, estou tomando minha medicação como sempre faço, porém acho que toda a crise em virtude do coronavírus, mesmo evitando a constância das notícias você acaba se contaminando com elas. Graças a Deus melhorei. Ontem acabei enfrentando um sarau virtual e ao contrário do que pensei, que seria doloroso me expor, foi bom. Teresa Azevedo Imagem de Tasila de Aguiar do Amaral - (1886-1973) - pintora, desenhista e tradutora brasileira e uma das figuras centrais da pintura e da primeira fase do movimento modernista no Brasil, ao lado de Anita Malfatti. Seu quadro Abaporu, de 1928, inaugurou o movimento antropofágico nas artes plásticas.

Sono meu, sono meu

Sono meu, sono meu Como o sono me faz falta. Estou entregue a ele, perdida Ameaçada, quase morta A exaustão levou-me a vida. Sono meu, em sono sou eu. Cadê o vigor das pernas? O racional, o emocional? Onde estou que não reajo? Para onde fui eu? Inconsciência, falência de mim Perambulando caminho em agonia. Tudo o que meus olhos vêem é cama Caindo, deitando mesmo que na lama. Serão horas de sono e estarei de volta Já não morta, viva. Completamente Teresa, ativa. Seja qual for o lado do meu ser. Teresa Azevedo

Quisera não fosse assim

Quisera não fosse assim Cobra rasteira Na via ou na eira, Maldade de mim. Quisera não fosse assim. Ora tão angelical Ora tão fútil e bestial, Maldade de mim. Quisera não fosse assim. Vivo de espasmos Completa em marasmos, Só nestas horas loucas Onde a razão é tão pouca. Tão infantil, ruim. Se somente bondade fosse Que bom, seria tão doce. Quisera não fosse assim. Teresa Azevedo - do livro Faíscas de Paixão

segunda-feira, 30 de março de 2020

Ouviu-se falar em inúmeras mortes

Ouviu-se falar em inúmeras mortes Teresa Azevedo Poeta, Escritora, Coordenadora do Projeto Lítero Social Ondulações Membro Efetivo da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni Teresaazevedo.projetos@gmail.com Amanheceu no caos do planeta, o caos não começou ali, ele já existia desde a antiguidade até os tempos atuais e até a consumação dos séculos. Ouviu-se falar em inúmeras mortes em todo canto por um micro-organismo invisível, caixões se enfileiraram pelas ruas ou em caminhões refrigerados até que fosse possível enterrar tantos mortos durante os picos da epidemia, as pessoas foram isoladas em suas casas – tinha-se que evitar toda espécie de aglomerações, as ruas ficaram desertas, muitos se desesperaram pela solidão instaurada, outros por perderem seu sustento desesparançosos de dias melhores, criando uma corrida desenfreada aos supermercados esvaziando as prateleiras – houve estoque de produtos em muitas casas e falta do mínimo em outras. Nos hospitais, as equipes exauridas buscavam força e coragem para continuarem trabalhando, faltaram leitos, equipamentos, medicamentos e o cheiro da morte impregnava todos os ambientes. Muitos passaram a trabalhar remotamente de suas casas. Lojas, shoppings, hotéis e restaurantes fecharam suas portas. Só os serviços essenciais continuaram trabalhando. A necessidade de uma logística emergencial era premente em todas as áreas e os governos brigavam entre si para estabelecê-las, uns com consciência e sobriedade mesmo em meio à gravidade da situação, outros visando somente o poder. A economia de muitos países desabou, as consequências da crise mundial foram desastrosas e terríveis sob todos os aspectos. O pânico se instaurou no caos. E então o caos preexistente, aquele com o qual as pessoas não se importavam mais e que diariamente ouviam falar de homicídios, suicídios, chacinas, feminicídios, homens-bomba, sequestros, corrupção, roubos, aquecimento global, fome no mundo e tantas outras notícias que já não as abalavam porque não as afetavam diretamente e que poderiam comentar tais desgraças e no minuto seguinte continuar vivendo suas vidas, desapareceu. Agora era diferente, aquele vírus poderia ser letal para qualquer um de nós e seu ataque não afetava apenas um, mas todos e multiplicava-se com uma rapidez espantosa e não respeitava fronteiras, condição social, poder ou coisa que o valha. Sim, a pandemia trouxe medo, pânico, insegurança, solidão, mas trouxe principalmente a oportunidade de nos reconectarmos com Deus, de valorizarmos a família, os amigos, o amor, de nos unirmos em um só clamor por todo planeta. Deus estava dando ao homem mais uma oportunidade de se reconciliar com Ele, de lembrar de onde veio e para onde irá, que Ele enviou Seu filho ao mundo para salvar a humanidade, não apenas de um vírus para que continuasse vivendo nesta Terra, mas para viver com Ele por toda a eternidade. Ainda seriam mais alguns dias, talvez meses, e como nas batalhas há baixas de alguns soldados, a cena de devastação do “pós-guerra” não seria bonita e levaria algum tempo para rearrumar a casa e nos recompor. Minha oração foi para que todos fôssemos fortes não apenas em nós mesmos, mas em Deus e no amor de uns para com os outros, que ao fim desta batalha tenhamos aprendido muito, tenhamos crescido, produzido bons frutos, amado e orado como nunca fizemos antes, de modo a crermos e nos rendermos ao Filho Unigênito de Deus – Jesus o Cristo, que a mensagem deixada por este período crítico fique cravada em nossas mentes e corações como um tempo de superação e não de derrota.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Quando...

Quando o medo me toma, o coração pesa, os olhos lacrimejam, o arrependimento surge, a incerteza me ronda, a dor me constrange só há uma coisa a se fazer: cair aos Teus pés e clamar. Só Tu Senhor pode me livrar.

Compartilhando um pouco de mim

Existem coisas que me deixam profundamente irritada, por exemplo: 1)quando ficam querendo que eu detalhe tudo que pretendo fazer. Normalmente eu não tenho tais de na ponta da língua como pensam e se eu tiver que listar com certeza esquecerei 90% e depois ficarei muito chateada comigo por ter esquecido. Há dias que eu até gostaria de ser disciplinada e ter tudo esquematizado, mas não sou assim; 2) que façam manha do meu lado. Se a pessoa quer algo diga e permita-me dizer sim ou não ao seu pedido, mas achar que fazer manha, resmungar, fazer drama ou choramingar vai me fazer concordar com o que quer engana-se, não gosto de pessoas lamurientas; 3) que duvidem do que eu digo ou queiram fazer ameaças; Eu levo um tempo para processar uma conversa. Às vezes mais de um dia, não é por descaso, mas sempre tenho muitos pensamentos ao mesmo tempo e nem sempre consigo assimilar a importância, gravidade de uma conversa. Amo acordar e dormir tarde, se não planejei e tenho que acordar cedo e acordo de mal humor e pisando duro, mas logo fico bem... Quando mudam meus planos fico muito irritada em um primeiro momento, mas depois consigo ser racional e mudar o curso das águas se o argumento me convencer. Caso contrário, fico mesmo é frustrada... Tento ser melhor a cada dia, mas há tantos poréns que me perseguem, a luta pela melhoria é bastante árdua, mas sem dúvida com fé a vitória virá. Quando tudo parece perdido e não tenho forças para seguir em frente há um Deus que me socorre e restaura. Quando nem eu sou capaz de me perdoar Ele me perdoa e acolhe.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Angústia incontrolável

Agradeço a Deus por ter tido um único surto e internação desde que fui diagnosticada com transtorno afetivo bipolar, mas há momentos que os picos de depressão ou euforia são mais frequentes e intensos. De qualquer forma, todas as vezes que fui acometida por tais picos não excederam em tempo ou um limite "aceitável", se é que posso usar esta palavra, exceto duas vezes e ontem foi uma delas. Eu estava trabalhando tranquilamente ontem à tarde quando de repente e não mais do que de repente fui tomada por uma angústia incontrolável, uma dor na alma sem igual. É fato que tenho tido dias muito corridos, tenho me estressado bastante com o fato de não conseguir concluir coisas por razões que independem de minha vontade ou esforço, por exemplo: 1) tenho um livro para terminar, mas não consigo por ter tido diversos problemas com meu computador, por ter que parar toda hora para atender minha mãe ou fazer alguma tarefa doméstica, por depender da revisora que não devolve o material que foi enviado para ela, devido às reformas na casa conosco dentro, o que acareta inúmeros transtornos. 2) procuro agradar as pessoas, não por falsidade, mas por querer que elas se sintam amadas e acolhidas e nem sempre sou bem interpretada. Ante-ontem me esforcei para proporcionar um certo conforto a uma pessoa que ia a um evento comigo e na volta ela ficou muito brava porque a pessoa que ia nos buscar se atrasou. Eu fiquei extremamente triste por não ter conseguido atendê-lo como merecia, especialmente porque ele se dispôs a ir ao nosso evento, apesar de ter uma reunião logo na sequência. 3) por andar eufórica, sem conseguir conter minhas opiniões sobre coisas que não estejam bem, especialmente no caso da reforma. 4) minha compulsão por comida e compras está muito além dos limites de normalidade. 5) por meu marido não ser de muito conversar, sei que ele me ama por tudo que faz por mim e por nossa família, já passamos por tantas dificuldades e situações complicadas e no entanto estamos juntos, mas eu queria ouvir dele palavras de carinho e atenção. 6) por não ter minha arte, projetos e sonhos compreendida em casa. Bem, por todos esses motivos e por outros que não me ocorrem no momento chorei muito na madrugada de ontem especialmente me lembrando dos meus falecidos pai e irmão, aos quais cuidei e por estarem com problemas sérios aconselhei a passarem pelas cirurgias propostas pelos médicos, das quais meu pai nunca mais melhorou e meu irmão entrou em coma e veio a óbito. Senti-me culpada por tê-los aconselhado, não que o contrário pudesse resolver seus seríssimos problemas de saúde. O fato é que não consegui chorar por suas mortes em 2015 e ontem foi a primeira vez que fiz isto. Sinto uma falta absurda de ambos, eles era meus incentivadores e companheiros de sonhos. Havia dobrado a dose do meu remédio ontem, como tomo 1 ácido valpróico de 500 mg tomei 2 e 1 lamotrigina de 100 mg tomei duas. Fiz isto porque meu médico já me autorizou a fazer, se não fosse assim eu não faria. Hoje já me sinto bem melhor, mas em estado de alerta constante, pois qualquer intercorrência imediatamente procurarei meu psiquiatra. Não tive medo de pedir de contar à minha família como estava me sentindo e pedir que eles me ajudassem em oração. Somos todos evangélicos e acreditamos em Cristo ressurreto, sem negar que os médicos são instrumentos de Deus. Assim oramos juntos e me senti acolhida por eles e naturalmente por Deus que nunca nos desampara. Há muito não compartilhava nada, mas sei que compartilhar o que sentimos é otimo e muitas vezes o que compartlhamos serve para alguém.