sábado, 2 de maio de 2020

Cidade vazia, depressão à vista

Há muito não me sentia depressiva de fato. Claro uma tristeza e angústia aqui, outra ali, mas nada muito além de um ou dois dias. Esses últimos dias entretanto andei muito deprimida, com vontade de não ver nem falar com ninguém. Como sempre faço, estou tomando minha medicação como sempre faço, porém acho que toda a crise em virtude do coronavírus, mesmo evitando a constância das notícias você acaba se contaminando com elas. Graças a Deus melhorei. Ontem acabei enfrentando um sarau virtual e ao contrário do que pensei, que seria doloroso me expor, foi bom. Teresa Azevedo Imagem de Tasila de Aguiar do Amaral - (1886-1973) - pintora, desenhista e tradutora brasileira e uma das figuras centrais da pintura e da primeira fase do movimento modernista no Brasil, ao lado de Anita Malfatti. Seu quadro Abaporu, de 1928, inaugurou o movimento antropofágico nas artes plásticas.

Sono meu, sono meu

Sono meu, sono meu Como o sono me faz falta. Estou entregue a ele, perdida Ameaçada, quase morta A exaustão levou-me a vida. Sono meu, em sono sou eu. Cadê o vigor das pernas? O racional, o emocional? Onde estou que não reajo? Para onde fui eu? Inconsciência, falência de mim Perambulando caminho em agonia. Tudo o que meus olhos vêem é cama Caindo, deitando mesmo que na lama. Serão horas de sono e estarei de volta Já não morta, viva. Completamente Teresa, ativa. Seja qual for o lado do meu ser. Teresa Azevedo

Quisera não fosse assim

Quisera não fosse assim Cobra rasteira Na via ou na eira, Maldade de mim. Quisera não fosse assim. Ora tão angelical Ora tão fútil e bestial, Maldade de mim. Quisera não fosse assim. Vivo de espasmos Completa em marasmos, Só nestas horas loucas Onde a razão é tão pouca. Tão infantil, ruim. Se somente bondade fosse Que bom, seria tão doce. Quisera não fosse assim. Teresa Azevedo - do livro Faíscas de Paixão