domingo, 1 de setembro de 2019

Traumas e mágoas

Hoje fiz um comentário em tom de brincadeira com um dos meus filhos enquanto falávamos de pessoas que gostam de boa comida e ele me fez ver que mágoas que, sem intenção, provoquei nele quando ele ainda era solteiro ainda estão vivas, por mais que parecessem inexistentes. Na verdade não sei se ele remoeu tais coisas durante tantos anos ou em alguns deles ou se o fato de falarmos de um assunto que o remeteu ao fato em si. A verdade é que fiquei muito triste, pois jamais quis magoar nenhum dos meus filhos, pois minha família é o que há de mais caro abaixo de Deus para mim. Pensei em compartilhar com vocês porque são gatilhos que nos levam a lugares tão distantes e obscuros e que não podemos deixar que eles furtem de nós nem dos que nos rodeiam a paz, o amor e confiança. Temos que aprender perdoar aos que nos magoam, não é fácil, mas mágoas são corrosivas e destroem tudo o que de melhor há em nós. Quando a causa da mágoa partir de nós temos que nos redimir e nem sempre fazer isso no mesmo momento em que ela é detectada é prudente, pois a ferida reaberta dói muito naquele momento, busquemos então orientação e o tempo de Deus para que tudo seja aplacado e curado. Porém há algo de suma importância que precisamos fazer de imediato, especialmente quando somos os causadores da mágoa que pedir perdão a Deus e nos perdoarmos, pois não há como ser perdoado se você mesmo se condena. Uma semana abençoada para todos nós, livres de mágoas e acusações, onde o amor e temperança reine em nossos corações.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Carta especial x sentimento de fracasso

Deitei-me exausta, mas tive o sono interrompido por uma angústia e sentimento de fracasso enormes. Na madrugada de ontem tive um pesadelo e não consegui dormir, passei o dia atordoada lembrando-me dele, uma dor de cabeça me acompanhou de manhã à noite. Fui ao DETRAN para dar entrada em um pedido de carta especial por conta de problemas no joelho esquerdo (quando ele dói muito, não consigo ficar com a perna dobrada em 90 graus por mais de cinco minutos, quando dirijo tenho que ficar colocando a mão sobre ele para esquentá-lo, pois dói muito), coluna e tornozelo e pé direito (que me incomoda demais para andar, mas não me atrapalha para dirigir), levei um laudo do meu ortopedista e todos os exames que dispunha para avaliação. No DETRAN o atendimento ali foi bastante ágil de modo que fui orientada a escolher uma data e local para ir à Clínica Conveniada para obter o laudo que dão para prosseguir com o processo, decidi pegar o primeiro horário da agenda de ontem mesmo. Ao ser recebida pelo médico expliquei o que sentia ressaltando o problema no joelho esquerdo, passei os exames que dispunha e ele me perguntou se eu sabia que teria que tirar carta e comprar uma carro adaptado com acelerador do lado esquerdo eu interpelei esclarecendo que minha maior queixa era o meu joelho esquerdo e ele se exaltou, disse que o que havia era o problema no meu tornozelo direito e que não dava pra "brincar" de querer uma carta especial... Insisti dizendo que imaginava que um carro automático já resolveria e que não sabia se teria condições financeiras para um carro adaptado, ele acrescentou que então daria meu laudo como apta e que depois eu deveria recorrer se quisesse e ser submetida a uma junta de três médicos em outro local para nova avaliação. Como disse, eu estava atordoada com a dor de cabeça e pela noite anterior mal dormida, sentia-me fragilizada e a rispidez com que falou comigo me abalou profundamente, abalada e sem saber o que fazer optei por concordar com o laudo para o carro adaptado. Conclusão: saí de lá sem carta (felizmente tinha ido de uber, precisarei fazer no mínimo duas aulas em um carro adaptado que custará R$400,00, fazer o exame de volante (não sei se há custo para ele, creio que não), além de R$450,00 para liberação de laudo, isto eu já previa. Porém, depois teria que comprar um carro e mandar adaptar e não apenas um carro automático como pensei que seria e o pior, um carro que seria adaptado ao meu problema, mas eu divido o carro com meu filho e marido e então como seria? E mais angustiante, razão maior da minha frustração: COMO EU RESOLVERIA O QUE MAIS ME INCOMODA PARA DIRIGIR - A DOR NO JOELHO ESQUERDO, QUE HOJE DÓI MUITO SÓ DE USAR A EMBREAGEM QUE É ALGO MUITO MENOR DO QUE A ACELERAÇÃO? Sinceramente, o mínimo que eu esperava é que ele pedisse algum exame complementar se houvesse alguma dúvida quanto a minha argumentação do joelho.

sábado, 17 de agosto de 2019

Há tanto tempo que não entro aqui. Na verdade não por falta de vontade, mas de tempo. A ideia de compartilhar meus relatos contínuos foi uma alavanca para meu bem estar. Desde o início obtive tantas vantagens com tal atitude que fui criando novos mecanismos. Primeiro a intenção foi mesmo desabafar, depois eu queria contar o quanto a poesia, escrever e me expressar de todas as maneiras que estivessem ao meu alcance foi maravilhoso, com o tempo pessoas com problemas iguais ou parecidos ou mesmo profissionais que trabalhavam com isto foram me propiciando alavancas que permitiam um equilíbrio tão almejado. Os feedbacks eram deliciosos, não vou dizer que fui curada porque faço uso de medicação até hoje, 1 comprimido de ácido valproico de 500 mg e 1 de lamotrigina são minha ajuda química, a família o meu alicerce, os amigos o abraço e atenção, os pares a oportunidade de ver que outras pessoas sofrem com problemas de saúde mental e isso não as torna menos importantes, talentosas ou parte da sociedade, pelo contrário. Entretanto, havia a exclusão a ser combatida, exclusão que todos sentimos em um ou outro momento em nossas vidas, e foi aí que, em 2013, escrevi o livro de poesias Ondulações, onde a ideia era dar ao leitor a oportunidade de também compartilhar seus dramas e para isso eu mantive uma folha em braco após cada poesia. No mesmo ano percebi que precisava ir além e escrevi o Projeto Ondulações, um projeto lítero social que leva poesia e arte a todo lugar onde existam pessoas com quaisquer tipo de mazela ou exclusão. O Projeto vingou e desde o seu início estive, juntamente com voluntários que compraram a ideia,em aproximadamente trinta instituições. Trabalhamos com poesia, arte, cultura de modo geral, mas principalmente com o resgate da auto-estima dos assistidos. Após seis anos de estrada estamos em vias de nos tornarmos uma Associação. Temos mais de vinte publicações sobre nossas andanças e a cada evento somos fortalecidos pelo carinho com que somos recebidos e com as trocas de experiência que realizamos. Com o projeto a todo vapor há três anos tive alta da terapia que vinha fazendo desde o meu primeiro e, graças ao bom Deus, único surto. Hoje tenho plena convicção de que esse filho crescido chamado "Projeto Ondulações", que em breve deverá se tornar a Associação OndulArte é o combustível mais adequado para o meu equilíbrio f´sico e emocional. Decidi interromper o relatório de atividades que estava trabalhando, pois para prepará-los estava transcrevendo os trabalhos que os assistidos de uma Clínica de Saúde Mental fizeram e a cada leitura minha gratidão a Deus foi se tornando incontrolável de tal modo que precisava dividi-la com você leitor que hoje ou daqui a algum tempo lerá este breve relato. Sendo assim, permita-me lhe dar um conselho: seja o que for o seu problema, trabalhe você onde trabalhar, ainda que não trabalhe ou estude o que gosta, não guarde para si suas mágoas, talentos e sonhos. Compartilhe-as de algum modo, seja por meio de um blog, de amigos, parentes, um livro, uma tela, um esporte ou o que melhor lhe aprouver. Creia em Deus e em você mesmo. Reconheça-se como pessoa importante e capaz e escolha fazer pelo menos uma coisa que de fato goste com a maior frequência que puder. Nem sempre podemos fazer o que de fato queremos e gostamos o tempo todo, mas com certeza podemos fazer tais coisas em alguns momentos. E se você gostou do que falei sobre o Projeto Ondulações e tem interesse em ser um voluntário no mesmo entre em contato pelo e-mail:ondularte.associacao@gmail.com Teresa Azevedo Poeta, escritora e coordenadora do Projeto Ondulações