sábado, 19 de abril de 2014

Depoimento de uma crise



O depoimento abaixo não foi publicado por autopiedade ou coisa do gênero. Como todas as postagens deste blog, meu intuito é de ajudar pessoas que passam pelo mesmo problema que eu, obter seus comentários e até experiências.

Para ajudar minha família em um momento de dificuldade financeira, comprar medicação, dieta especial e outras coisas para meu pai que ficou doente há mais de dois anos, sustentar meu sentimento de poder e instinto maternal para com todos que me rodeiam passei a utilizar cada centavo do cheque especial e o cartão de crédito como parte do meu salário.

Por alguma razão que desconheço o banco me deu limite equivalente a mais de 80% do que eu ganhava. Coisas que os Bancos fazem e pessoas idiotas ou desesperadas se deixam enganar pela falsa resolução de seus problemas ou para aparentar um falso status.

Fingi para mim mesma que tudo estava bem, sob controle e que de fato poderia contar com aqueles pseudos recursos adicionais.

Quando me dei conta do tamanho do buraco que estava e sem poder sair já era muito tarde. Naturalmente que a gerente me ligou oferecendo novo empréstimo que, segundo ela quitaria esta minha dívida, nem me lembro em quantos meses era o tal, sei apenas que se concordasse em fazê-lo viveria na mendicância.

Durante alguns meses consegui pagar o mínimo de cada valor devido, porém com o decorrer do tempo a situação ficou insustentável, não só pelo que já devia, mas porque meu salário foi todo para o pagamento de um adiantamento de IRPF por dois meses.

Há mais de 20 anos venho me endividando, fazendo empréstimos, novas dívidas, renegociando empréstimos já existente e vivendo em um círculo vicioso. E o mais grave nenhuma vez foi para adquirir algo relevante ou duradouro.

Meu casamento foi abadado por tal comportamento e durante todos os anos que fomos casados nunca conseguimos adquirir bens móveis ou imóveis. Assim que nos divorciamos ele conseguiu pagar suas despesas e adquirir bens e viver com tranquilidade mesmo nos ajudando.

Voltando ao dia da crise pensei em como tudo seria diferente se eu não tivesse as dívidas e me angustiei tão profundamente ao constatar que:


  1. A maior dívida, que será quitada somente daqui a 90 meses, corresponde mensalmente a um quarto do meu salário bruto. Seu montante me permitiria comprar uma casa em um cidade pequena e viver tranquila.
  2. A intermediária, sem previsão de quitação, me permitira comprar um carro seminovo e sobraria algum dinheiro.
  3. A menor seria suficiente para fazer pequenas edições de dois ou três de meus livros.
Observação: Além destas três tenho mais duas que correspondem mensalmente a 90% do meu salário líquido, ou seja, o que recebo de fato é um valor ínfimo que mal dá para passar o mês.


Pensei que fosse enfrentar um longo período depressivo, mas para amenizar a dor e o engasgo fiz este depoimento que no dia foi escrito de forma extremamente confusa, desordenada, prolixa e cansativa.  Hoje o reli e procurei torná-lo mais claro e objetivo. Ao terminar, tomei meus remédios e fui dormir fingindo que nada tinha acontecido.

Confiei em Deus presente em minha vida, fiquei mais calma daquele dia até o de hoje - não que minha situação tenha mudado em quase nada - mas porque voltei ao médico, expliquei o ocorrido, ele alterou a prescrição e medicada sei que de nada adiantará minha angústia.


Texto de Teresa Azevedo

Pintura de Edvard Munch




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