quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

releitura de anotações de 20/03/2000


Releitura de anotação do dia 20/03/2000

O tempo corre além da velocidade do vento e vai desaparecendo.
Vai desaparecendo o nosso tempo diante de nossas mãos.
E nos perguntamos: O que fizemos até aqui?
O quanto deixamos para traz, inertes?
Quantas coisas não fizemos por medo?
Por pavor, por nos sentirmos incapazes.
E agora?
Hoje eu teria terapia, mas o meu psicólogo está doente.
O Dr. Jamiel não poderá me atender. E agora?

Facilmente percebemos um tom de desespero na minha fala naquele instante. Eu me sentia angustiada por não ter realizado coisas, por medo, por pavor, não porque não quizesse realizá-las. Isto é um sentimento que não tenho mais hoje. Felizmente estou absolutamente tranqüila hoje. Sei que fui infeliz e que não fiz coisas por medo naquela época, mas sei que hoje o que não faço é porque não quero fazer. Essa liberdade e ao mesmo tempo a consciência do que quero ou não fazer de hoje é maravilhosa para mim.Aquele foi um período muito difícil de minha vida, mas o gostoso é que superei tudo isto e hoje me sinto feliz e equilibrada. Graças ao tratamento sim. É exatamente por isto que quis fazer meus relatos para que as pessoas possam perceber a importância de estar sob controle. A diferença entre o estar desesperada e estar equilibrada. Eu fugi muito de psiquiatras e de tratamentos psiquiátricos. O meu medo era ser louca. Porém, toda a minha fuga me levou ao surto e foi bastante difícil. Após chegar ao fundo do poço., vestir uma camisa de força a gente consegue compreender o verdadeiro sentido de estar bem. E se para isto precisarei tomar os medicamentos eu os tomarei com prazer. Ser um paciente com Transtorno Bipolar não é o fundo do mundo. O grave é fingir que não o sou.

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