sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mais um dia sem a carba...


Ontem eu deveria ter saído do serviço a tempo de passar no Postinho, mas devido a uns problemas acabei saindo bem depois que ele fechou. Conclusão: mais uma noite e um dia sem a carba. Ontem a noite eu estava uma pilha de nervos, cabeça girando, as vozes em tons normais pareciam estrondos, eu estava agitada, falando coisas sem pensar e algumas até sem sentido, exausta, não conseguia raciocinar, enfim... Mesmo assim eu ficava me chamando a razão o tempo todo, respirando fundo e tudo mais. Depois de uma noite de sono que creio ter sido tranquila, por não ter dormido direto, decidi tomar um citalopran que estava em "stand by" para o caso de alguma depressão ou algo assim, pois o maracujá da herbarium, um fitoterápico que eu estava tomando em "substituição" ao citalopran também acabou há alguns dias. Agora pouco mais de meio dia eu estou bem. Logo que cheguei ao trabalho tive enjoo, dor de cabeça e tontura, mas agora estou normalizada. Creio que ficarei bem até chegar em casa e passar no postinho.
Quando digo que me chamo a razão, falo de "um estalar de dedos próximo ao ouvido", um "olho no olho" da Teresa-sã para com a Teresa-TAB: - acalme-se, de nada adianta se desesperar, ficar agitada, isto só piora tudo, procure fazer aquilo que é possível e o que não for deixe nas mãos de Deus... Parece que a Teresa-sã tem tido um bom êxito, apesar do trabalho para ser convincente ser grande.

Quando me lembro de como eu era, os constantes altos e baixos, desde os tempos em que eu achava que isto era algo normal, quando eu ainda não tinha nem chegado aos trinta anos. Eu não tinha depressões, apenas mudanças entre tranquilidade e agitação, uma ânsia por suprir o desespero eu comia feito uma desesperada, saia comprando coisas de forma alucinada. Depois com o passar dos anos, fui me deprimindo e alternava continuamente entre momentos de extrema angústia, choros e furias, euforias e compulsões. Ainda assim eu imaginava que o problema de saúde fosse apenas a angústia e choro. Atribuia isto ao hipotireoidismo e no maias eu pensava sou geniosa, gastona, comilona como características de personalidade. Finalmente, aos 48 anos após uma depressão extrema. Devido a depressão passei a tomar fluoxetina que me levou a sair do quadro depressivo e entrar no eufórico. Até aquele momento desconhecia ser portadora do Transtorno Afetivo Bipolar. Passei a ter comporttamentos extremos muito agudos. Sentia-me dona do mundo, capaz de executar qualquer tarefa, aliás multi-tarefas, fazia mil coisas ao mesmo tempo, imaginava situações que não existiam, fazia gastos enormes julgando ter me tornado "poderesa", mandona, intransigente, impaciente, elétrica, falando mais do que a boca, via as pessoas todas como inferiores a mim. Até que passei de fato a viver em um mundo paralelo criado por alucinações e acabei sendo internada, quando foi dado o diagnóstico do transtorno. Passei dois dias na Enfermaria Psiquiatrica da UNICAMP, mas o interessante que no momento que me colocaram uma camisa de força algo religou em mim e deixei do mundo paralelo percebendo o que estava acontecendo. Quando subi para a enfermaria já fui sem a camisa de força e conversando com os enfermeiros. A partir deste momento, aderi ao tratamento. A principio, fiz uma busca na internet sobre o transtorno, e fiquei assustada com tudo que li a respeito. Passei a ser acompanhada pelo CECOM/UNICAMP, tanto pela psiquiatria, quanto pela psicologia. A Dra. Renata Rigacci, médica psiquiatra que vem acompanhando meu caso desde então. Ela me esclareceu que o TAB não era loucura e que, mesmo não tendo cura poderia ser controlado, com os controladores de humor. Recomendou que eu lesse o livro Bipolar: memória de Extremos de Terry Cheney. Este livro fascinante me fez enxergar as coisas de um outro modo, aceitar minhas limitações e daí para diante o tratamento foi algo que aderi com enorme aceitação. Felizmente, nunca tive qualquer pensamento suicída como na maioria dos casos de TAB, com a graça e proteção de Deus. Com o passar do tempo passei a publicar as coisas que passei a vida escrevendo e lancei este blog com o intuito de ajudar pessoas que tenham o mesmo problema que o meu, apresentando nele meus sintomas, medicações e a superação diante da doença. Quando comecei publicar meus escritos: poemas, relatos e outros passei a perceber que aquilo agia em mim como uma terapia. Desde então, esta tem sido minha terapia: escrever.

Um comentário:

  1. Olá! Coisa boa...achei um blog parecido como meu! Também sou portadora do TAB, gosto e escrevo poesias, já publiquei até um livro...e outas coisas mais. Faz pouco mais de 1 ano que fiquei sabendo q sou portadora do TAB,mesmo sofrendo desde meus 5 anos (hj estou com 42). Só mesmo a Graça de Deus para me sustentar pois é difícil conviver comigo mesma e com as pessoas um vez que elas não sabem e muitas nem fazem idéia o que é ser Bipolar. Mas, sigo cantando:Deus é bom d+!!!!

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