sexta-feira, 4 de junho de 2010

prefácio e capítulo 1

Prefácio

Razões que me levaram a expor meu emocional


Desde a tenra idade, fascinou-me colocar meus sentimentos no papel, quer em forma de desenho, quer em prosa ou verso, em um lamento, ou ainda, em um desesperado clamor a Deus.
Na escola, para reter o aprendizado, me era necessário fazer o mesmo. Com lápis e papel na mão, eu adentrava na “história” do que estava sendo ensinado (Português, Matemática, História, Geografia, Filosofia, etc...) e por meio de desenhos, esboços e co-participações eu ia aprendendo. Jamais consegui ser uma mera espectadora, sempre tive que representar papéis inseridos ao aprendizado, era como se assistir às aulas me fizesse viajar pelo que quer que fosse ensinado. Hoje não sou mais assim, mas nos velhos tempos de Colégio e Faculdade, jamais estudei para as provas, meus esboços saiam do papel e me compunham minha memória, fazendo parte de mim. Nas provas eu me lembrava exatamente das situações ilustradas por mim e para mim mesma durante as aulas e sempre tirava boas notas, exceto em Química, matéria que jamais gostei e em Física matéria em que eu ia razoavelmente bem, mas não tanto como nas demais. Nunca gostei de ler os livros indicados pelas professoras nas aulas de literatura, sempre preferi assistir às aulas, filmes, peças teatrais ou mesmo histórias contadas, nunca lidas por mim. Minhas amigas sempre os liam e me contavam a história. A medida em que elas contavam eu imaginava o cenário, os personagens e um filme imaginário passava em minha mente. Na hora de fazer a prova dos livros eu ia sempre bem e, às vezes melhor do que elas. Não falo isto por vanglória, pois não me achava melhor, nem me acho do que ninguém, pelo contrário, apenas considero interessante esse meu método de assimilar as coisas. Hoje leio com mais prazer, especialmente livros que retratam transformaçõesde vidas, romances, crônicas e outros assuntos de meu interesse. Porém, atualmente, como verão a seguir, tenho muita dificuldade de assimilação, especialmente para certos assuntos. Minha concentração já não me capacita a reter boa parte do que ouço ou assisto, a não ser quando se trata de vivências humanas ou coisas do gênero. Talvez, não tenha sido somente uma perda da capacidade intelectual, pois isto percebo que realmente ocorreu de forma gritante, mas também uma mudança de valores e ótica de vida. Por um lado é bom que mudemos, mas por outro lado sofro, pois ainda me lembro de como eu era e gostaria de não apenas ter mudado, mas ter a ótica e os valores de hoje, somados ao intelecto de ontem. Bem, de qualquer modo são mudanças que temos que ir administrando ao longo de nossas vidas, todos passamos por elas, cada qual de um modo e em uma proporção, mas todos passamos...
Até hoje, se alguém me contasse sua história, eu consigo entender seu sofrimento ou alegria com tal profundidade que, muitas vezes, o faço de forma mais intensa do que a, conscientemente, sentida pelo próprio narrador da mesma.
Por inúmeras vezes comecei escrever livros, queria colocar no papel minhas experiências, no início eu sempre ficava muitoentusiasmada, entretanto, a medida que ia escrevendo, passava a imaginar como os leitores poderiam me criticar e era tomada poruma insegurança tola, de modo que sempre parava sem que conseguisse concluir. Lembro-me que um deles tinha até um de meus desenhos esboçados na capa, seu título seria "Um ontem e um amanhã". Ele era um relato pessoal de uma das fases "negras" de minha vida, mas ao contrário de mim que me encontrava muito confusa e sem saber que rumo tomar, ele era revestido de uma convicção tão peculiar por parte da protagonista, seu nome era Andréa Dantas, uma linda mulher,com longos cabelos loiros e cacheados, sua força, determinação e capacidade de decisão ímpar me fortaleciam, com certeza, ela era um conforto que me fazia continuar a jornada, sem flagelos, pelo menos não na história.
Comecei escrever histórias infantis, criei vários personagens, nunca publiquei nenhuma delas. Os protagonistas, fossem eles do sexo masculino, ou feminino, espelhavam sempre meu afã em tirar tudo de letra, o que, na verdade não era uma realidade vivida, apenas ficcional.
A cada instante eu me sentia flagelada e fraca, mas aquele "Eu" imaginário era forte e sempre me reerguia, me fazia "superar" cada incidente, "grande ou pequeno". Aos olhos alheios, olhos dos que não mergulham em águas tão profundas, as proporções ou dimensões dos acontecimentos não eram as minhas. Aparentemente, era como se eu mergulhasse na lama e, por um momento, tivesse a impressão de que ela estava impregnada em mim, mas então minha "realidade ficcional” me socorria, fazendo com que uma ducha relaxante me deixasse limpa novamente. E então eu era forte de novo, mas será que esta era eu? Sim? Não? Talvez sim, pelo menos até a próxima experiência ou aventura.
Bem, ao longo do tempo amontoei pilhas de depoimentos pessoais ou cartas de amigos, que, como eu, gostavam de devagar em devaneios. Desenhados ou escritos, que a certa altura de minha vida passaram ser "meu tesouro". De tempos em tempos, com grande freqüência, eu os apanhava, os relia e me deliciava com o que havia escrito ou desenhado, ou recebido de alguém, era como quando conseguimos encontrar uma amiga tão íntima, tão especial, com a qual podemos nos abrir por completo e sermos integralmente compreendidos. Não sei se isso é importante, mas agora lembrei-me que, por quatro longos anos eu fui a primeira filha de meus pais, a neta e sobrinha caçula por parte de mãe, o que por um lado era eu era muito mimada, mas para uma criança era uma vida solitária, sem amiguimos, assim eu sempre criei amigos imaginários que me faziam companhia. por fossem disformes aos olhos dos outros e reconhecia cada traço, e sabia ou pelo menos deduzia de que se tratavam. Houve uma época em que tive que me desfazer, a contragosto, de todo aquele material. Material que eu guardara para os solitários dias de minha velhice. A perda, ou involuntária destruição, do meu tesouro, desnorteou-me. A partir de então a realidade passou ser minha única companheira e, por um tempo, sem saber ao certo quem e como eu era, passei apenas a viver, ou melhor sobreviver, dia após dia. Tudo parecia ter perdido o sentido, era como se eu tivesse deixado de existir como minhas lembranças. A dor que senti era tão superior às minhas forças, que a guardei no mais profundo de mim, em um canto tão escondido e trancafiado, que nem mesmo eu o visitava. Adquiri uma aparência em forma de casca de ovo, após a saída do filhote, eu estava oca por dentro. Agora posso perceber que foi então que perdi minha capacidade de raciocínio lógico, se é que posso chamar assim, todo meu aprendizado de anos fora por água abaixo e, de repente, coisas que me eram familiares anteriormente, ecoavam como algo estranho, algo que sabia ter visto algum dia, mas já não reconhecia ou lembrava. Para mim, a melhor maneira de explicar isto é imaginar como um rolo do negativo de um filme fotográfico. Um filme que gerou fotos lindas, coloridas, outras sombrias, mas a revelação estava lá. Só que do negativo, grande parte havia sido perdida, apagada. Então, podia-se ver as fotos, mas não saber como elas haviam surgido, pois não havia como provar ou chegar a elas pelo mesmo caminho novamente.
Ao longo dos anos tenho feito muitas tentativas de reencontrar o elo perdido, mas atualmente tenho percebido que estou muito próxima dele e creio ter chegado a hora a expor os fatos, os passos certeiros ou incertos, vitoriosos ou drásticos, mas que somam o que fui e sou e, principalmente, o que pretendo ser. Concluí que já não podia mais guardar somente para mim todo este processo. Sei que expor-me de tal modo pode ser perigoso, as pessoas podem não entender, talvez, muitas delas me achem fútil, dramática demais ou quem sabe, louca. Em tudo que fazemos, sempre há um lado bom e um ruim. Mas, se de alguma forma, para alguém, esta experiência for útil, terá valido a pena. E caso não seja útil para uma única pessoa, com certeza eu saberei que tentei.
Os relatos, os desenhos, as poesias, as auto-análises que farei após cada um deles e o parecer de profissional, meu terapeuta (que tem sido um instrumento de Deus em minha vida), você irá ler a partir de agora. Podem não relatar muito, perto de tantas mazelas que temos visto e vivido nos últimos tempos, mas, com certeza serão a mais pura e real história de uma mulher de quarenta e dois anos que reconhece que Deus não a trouxe a esse mundo apenas para viver e morrer, mas sim para expressar como Ele pode tornar derrotas em vitórias e como seus planos para nossas vidas são detalhados para honra e glória de Seu nome.
26/09/2001

Um comentário:

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