domingo, 25 de abril de 2010

Histórico da minha doença ao Dr. Marcelo, psiquiatra 16/10/2003


Tive que escrever, pois já naquela época minha memória já não ajudava muito. Além disso, eu não tinha consulta marcada, nem plano de saúde e não estava me dando bem com a medicação. Precisava passar todas as informações possíveis no Pronto Atendimento e sabia que sem escrever não conseguiria.

Dr. Marcelo
De 2001 para 2002 estive em tratamento com o Dr. Antonio, com Síndrome do Pânico e Depressão Profunda, paralelamente fazia tratamento com um Psicólogo Clínico Dr. Jamiel. Melhorei muito, porém continuei a ser compulsiva tanto com comida, quanto com gastos desnecessários e incontroládos.
Em fevereiro de 2003, decretei falência a mim mesma. Não o fiz publica, nem oficialmente, só através de documento pessoal e conscientização. Vale dizer que até então não aceitei minhas limitações e nem ainda, mas decidi que iria lutar para isto. Naquela época busquei ajuda, principalmente por causa da minha situação financeira.
Enquanto tinha UNIMED fiz um tratamento com a Dra. Marília. Logo que sai da UNIMED por absoluta falta de dinheiro, me conveniei pela COPUS, onde comecei me tratar com Dr. Oswaldo e depois com Dra Giane. Também cancelei aquele convênio e dei início ao meu tratamento via CECOM/UNICAMP onde permaneço até hoje.
No relatório que a Dra Giane fez para o CECOM, informou os CIDs diagósticados por ela: 41.0; 50.4 e 63.8 e os medicamentos prescritos: Alprazolan 1 mg e 1 cápsula de fluoxetina 80 mg (manipulada).
Eu me sentia bem porém andava cansada e um pouco sonolenta. A compulsão financeira estava sob controle , mas por comida não.
Os medicamentos foram utilizados até a terceira consulta no CECOM, quando passei a utilizar cloridrato de paroxetina 20 mg, mas o alprazolan permaneceu. Eu passei a me sentir excessivamente cansada, sonolenta o que me fazia me dormir sempre que não estava trabalhando. Tinha sonhos muito atribulados e acordava muito cansada. A compulsão por comida estava a todo vapor.
Na última consulta, apesar de manter a paroxetina mudou o alprozolan para "paranvolil" gotas. Senti-me péssima. No primeiro dia fiquei completamente dopada, no segundo apesar de reduzir a dose me senti muito mal, o sono aumentoui sobremaneira e não só a noite, não consegui trabalhar. No terceiro dia (hoje) voltei por conta própria para o alprazolan 0,5 mg e melhorei um pouco do sono, mas estou inquieta, irritada e ansiosa. Não sei o que fazer. Tenho vontade de parar com tudo, mas temo as consequências.
Preciso que me ajude por favor. Preciso ter muita disposição para trabalhar bem, para ter tempo para meus filhos, marido, pais, minha casa e também para mim mesma. Por favor, não posso viver dopada, nem alucinada. TEM QUE HAVER UM MEIO TERMO, UM EQUILÍBRIO. Deve haver um tipo de medicação ou método mais natural de produzir serotonina sem que sejam essas medicações tão fortes. Talvez fitoterápicos, homeopatia, eu não sei. Só sei que preciso que me compreenda e ajude. Preciso ser ativa, estável, equilibrada, quero ser normal, por favor.
Muito obrigada.
Teresa...

Interessante como nesta carta eu apontei para o meu problema real, o Transtorno Bipolar. Incrível como ele não foi percebido antes do surto. Minha busca por meio termo, por equilíbrio era algo desesperador.
Eu estava sofrendo demais naquela época. Lembro-me que minha luta para aceitar minhas limitações era horrenda. Para quem sempre foi dinânima, capaz, independente, líder aquilo era horrível. Aquela pessoa incompleta, desanimada, caída não era eu. Onde eu tinha me perdido meu Deus? Esta era uma pergunta que eu fazia a cada minuto. Quando me vejo bem hoje, apesar as muitas lutas e limitações sei que eu não era ela mesmo.
Certa vez eu disse a um dos meus psiquiatras, em uma das fases em que me recuperei - este medicamento me deixa tão dinâmica gosto de estar assim. E ele me disse, pelo seu histórico, o medicamento a ajuda a voltar ser você mesma.
É como um atleta que perde parte da perna e volta correr nas paraolímpiadas com uma prótese e vence. Ele voltou a ser o que era graças a próteses e não a próteses o fez diferente. Ninguém consegue tirar de si aquilo que não tem.
Por isto eu quero muito que pessoas sejam alcançadas por estes meus depoimentos. Não é fácil me despir de tal modo. Colocar minhas fraquezas e vulnerabilidades tão a mostra para ser contestada e julgada. Mas o que me vale é que pessoas que tenham o meu problema ou outro semelhante se identifiquem e busquem ajuda. Que não tenham que percorrer uma estrada tão longa e dolorosa para só então serem tratadas.

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